A inveja é uma emoção arcaica que remonta ao nascimento, de acordo com as ideias de Melanie Klein.
Ela surge quando o bebê percebe sua impotência diante de sua mãe ou cuidador em relação às suas necessidades e bem-estar.
Quando o bebê precisa de cuidado ou alimento e não é gratificado imediatamente, surge um sentimento de inveja em relação àquela fonte de bem-estar, como o seio materno.
Klein vai além ao abordar a destrutividade associada à inveja.
Segundo ela, a criança na posição esquizo-paranoide deseja destruir o objeto (seio) que é fonte de gratificação e frustração alternadas, como forma de evitar passar novamente por situações de frustração. É importante ressaltar que essa é uma simplificação dos conceitos mais amplos desenvolvidos por Klein.
Essa cadeia emocional pode ser observada: frustração, raiva e destruição. A frustração ocorre quando há ausência de gratificação, quando um desejo é contrariado.
A raiva, por sua vez, é um sentimento natural, mas muitas vezes reprimido ou considerado pecaminoso.
E o desejo de destruição surge quando alguém percebe que o outro possui algo desejado e inacessível, levando a uma tendência de destruir esse objeto como forma de lidar com a frustração da falta.
Em determinados contextos sociais, algumas pessoas chamam atenção por possuírem atributos diferenciados.
Infelizmente, algumas pessoas não conseguem conviver com a diferença e buscam formas de destruir o outro, seja no plano simbólico ou no plano real. Esse comportamento pode ser entendido como inveja, que etimologicamente significa "não ver".
A inveja é como um olhar mau que penetra no outro, buscando eliminar parâmetros de comparação e negando ou racionalizando o desejo de possuir o que o outro tem.
É importante destacar que a "inveja branca" não se refere ao mesmo conceito, pois essa expressão pode ser entendida como admiração, sem desejo de destruição do outro, mas com uma tendência à imitação. No entanto, essa imitação pode ser prejudicial se não houver parâmetros claros, pois pode ser interpretada como uma forma de roubo de identidade.
Dentro desse contexto, a psicoterapia pode ser um espaço importante para explorar e compreender os sentimentos de inveja, raiva e destrutividade, bem como para desenvolver mecanismos saudáveis de lidar com essas emoções.
O terapeuta pode ajudar a pessoa a reconhecer e trabalhar os padrões emocionais relacionados à inveja, promovendo um maior autoconhecimento, desenvolvimento de empatia, compreensão das próprias necessidades e estabelecimento de relações mais saudáveis e construtivas com os outros.
KLEIN, Melanie. Inveja, Gratidão e outros trabalho. Rio de Janeiro. Imago: 1991.
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