Onde nasce a inveja?
Melanie Klein (1991) aponta que a inveja é uma emoção muito
arcaica que remonta ao nascimento. Ela surge no momento em que o bebê
percebe-se impotente perante sua mãe (ou cuidador), no que concerne ao seu
bem-estar, ou seja: quando ele precisa de cuidados ou alimento e seu cuidador
não o gratifica de imediato, surge então um sentimento de inveja. A inveja
daquela fonte criadora de bem-estar, daquele seio farto do qual o bebê depende.
Porém Klein vai ainda mais longe quando trata da destruição: Segundo ela a
criança na posição esquizo-paranoide deseja destruir esse seio que ora lhe
parece bom, ora lhe parece mau, para não ter de passar novamente por situações
de frustração. Claro que isto é uma simplificação. Os conceitos são mais
amplos.
Observe que a cadeia; frustração -> raiva -> destruição
A Frustração todos conhecemos é a
ausência de gratificação; um desejo contrariado.
A raiva é um sentimento absurdamente natural e que somos ensinados a reprimir
como se fosse um pecado.
O desejo de destruição incomoda pois ao perceber
que o outro tem algo que não se pode ter e que muito se deseja pode haver uma
tendência a destruir este objeto apenas não para lidar com a sua falta.
Alguns indivíduos chamam atenção nos meios onde vivem por possuem alguns
atributos diferenciados. Infelizmente, alguns não conseguem conviver com o
diferente e buscam formas de destruir o outro (seja na ordem do simbólico ou do
real). Isto pode ser entendido como INVEJA que etimologicamente significa “não
ver”:
A inveja é a ejaculação dos olhos”.
Essa definição nos remete à própria etimologia da palavra inveja, formada pelos
étimos latinos in (dentro de) + videre (olhar), que indicam claramente o quanto
esse sentimento alude a um olhar mau que penetra no outro. Essa alusão acabou
por se disseminar em diferentes expressões populares, tais como mau olhado, olho
grande, olhar que seca pimenteira, entre outras. (Figueiredo; Ferreira, 2011,
p. 181)
Este desejo de destruição existe para eliminar os parâmetros
de comparação. É como se um time de futebol pudesse massacrar o time adversário
que ganhou a partida, apenas pra esquecer a derrota.
A inveja pode ser caracterizada pela negação:
"Eu não queria mesmo...."
"Nem reparei que você tingiu o cabelo"
Ou pela racionalização:
“Claro que ela tirou notas boas. Passou a noite inteira
estudando. Não fez mais do que obrigação”.
Quando falamos de “inveja branca”, não estamos nos referindo
ao mesmo conceito, uma vez que esta “inveja branca” pode ser entendida como “Admiração”.
A diferença básica é que na admiração não há desejo de destruição do outro
e sim uma tendência à imitação (que pode ser bastante prejudicial se não houver
parâmetros, já que pode ser entendida como uma espécie de roubo de identidade).
FIGUEIREDO, Maria Flávia; FERREIRA, Luis Antonio. Olhos de Caim: a inveja sob as lentes
da linguística e da psicanálise. Sentidos em movimento: identidade e
argumentação. Coleção Mestrado em Lingüística. 2011 - publicacoes.unifran.br
KLEIN, Melanie. Inveja,
Gratidão e outros trabalho. Rio de Janeiro. Imago: 1991.
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