As neuroses e os mecanismos de defesa


Os conceitos Freudianos vem sofrendo distorções impares ao longo do tempo. Algumas são bem intencionadas, visando alcançar uma explicação que seja abrangente. 

Alguns erros de interpretação são normais, especialmente em estudantes de psicologia, que ao longo do tempo vão sendo esclarecidos. Para evitar que isso ocorra, é importante beber na fonte, ler e buscar entender o que o teórico estava buscando dizer.



Freud em 1894  escreveu o texto “As neuropsicoses de defesa”, onde tem início o postulado da teoria da defesa. Mas para bom entendimento deste postulado é necessário uma breve conceituação.


Sendo assim, pretendo iniciar este texto tratado das neuroses. Mas o que será uma neurose? Com base em Laplanche e Pontalis, neurose é:

afecção psicogênica em que os sintomas são a expressão simbólica de um conflito psiquico que tem suas raizes nas histórias infantis dos indivíduos e constitui compromisso entre o desejo e a defesa. (Laplanche e Pontalis, p. 377)
Defesas podem ser entendidas como:
 Conjunto de operações cuja finalidade é reduzir, suprimir modificação suscetível de por em perigo a integridade e constância do indivíduo biopsicológico. Na medida em que o ego se constitui como instância que encarna esta constância e que procura mante-la, ele pode ser descrito como sujeito e objeto destas operações. (Laplanche e Pontalis, p. 151)
 A neurose obsessiva, surge como uma “histeria de defesa” decorrente da impossibilidade de resolver um afeto conflitivo. 
Quando alguém com predisposição à neurose carece da aptidão para a conversão, mas, ainda assim, parece rechaçar uma representação incompatível, dispõe-se a separá-la de seu afeto, esse afeto fica obrigado a permanecerna esfera psíquica. A representação, agora enfraquecida, persiste ainda na consciência, separada de qualquer associação. Mas seu afeto, tornado livre, liga-se a outras representações que não são incompatíveis em si mesmas, e graças a essa “falsa ligação”, tais representações se transformam em representações obsessivas. Essa é, em poucas palavras, a teoria psicológica das obsessões e fobias, mencionada no início deste artigo.Indicarei agora quais dos vários elementos explicitados nessa teoria podem ser diretamente demonstrados e quais foram supridos por mim. O que se pode demonstrar diretamente, além do produto final do processo — a obsessão —, é, em primeiro lugar, a fonte do afeto agora colocado numa falsa ligação. Em todos os casos que analisei, era a vida sexual do sujeito que havia despertado um afeto aflitivo, precisamente da mesma natureza do ligado à sua obsessão. Teoricamente, não é impossível que esse afeto possa às vezes emergir em outras áreas; resta-me apenas relatar que, até o momento, não deparei com nenhuma outra origem. Ademais, é fácil verificar que é precisamente a vida sexual que traz em si as mais numerosas oportunidades para o surgimento de representações incompatíveis. (Freud, 1894)




Tais neuroses podem estar relacionadas às ocorrências da segunda fase da infância, pois segundo Pereira: 

Trata-se de um momento intermediário entre o auto-erotismo e a primazia do investimento das zonas genitais num objeto externo ao eu. Nele, os componentes instintuais já se reuniram na escolha de um objeto extrínseco, sem que se tenha, ainda, a primazia das zonas genitais.

Para este autor, o caráter obsessivo de tais idéias decorreria exatamente da falsa conexão que se estabelece entre afeto deslocado e nova representação. As relações entre a origem do sintoma e a forma como ele se apresenta, em função da ligação do afeto intolerável e não diminuído a uma representação possível ao eu, só podem ser explicadas por processos que operam fora da consciência.




Bibliografia


Freud, S. (1894). As neuropsicoses de defesa. In Edição Standard brasileira das obras completas de Sigmud Freud. (Jayme Salomão, trad.). Volume X. Imago, Rio de Janeiro.

Laplanche, J.,Pontalis,J-B. Vocabulário da Psicanálise. 9a. ed. Martins Fontes, São Paulo, 1986)


Luis Adriano Salles Pereira. http://www6.ufrgs.br/psicopatologia/neurose_obsessiva/luis_adriano.htm. [online]. acesso em 28 de dezembro de 2011

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